Sabe aquele mal entendido que acontece quando você diz algo e o outro entende completamente diferente? Ou então, você termina uma conversa acreditando que a sua mensagem foi entregue com louvor e depois foi tudo feito o oposto do que foi acordado. Isso é mais frequente do que você imagina, e pode acontecer tanto em casa quanto no seu trabalho.
O que acontece muitas vezes é que usamos a nossa percepção do mundo para avaliar e julgar o que as outras pessoas falam e fazem, e é aí que mora o perigo. Vi em um curso da The University of Queensland – Austrália, um estudo que pode ajudar a entender melhor como nossa percepção e compreensão pode ser bem diferente do que a outra pessoa está querendo nos passar. (Recomendo que você teste também, veja a seguir J)
Nesse estudo, foi pedido para que um voluntário pensasse em uma música conhecida (sem contar para os demais qual música é) e com a ajuda de uma caneta e prancheta “toque” a música. Ao final do experimento, eles pedem que as pessoas em sala nomeiem a música. Com 100 participantes em sala, você faz ideia de quantas acertaram qual era a música?
Bem, apenas cerca de 2.5% (eu errei também!). Se você fizer esse teste e tentar tocar uma música para um amigo seu, provavelmente você vai achar que a música na sua mente é muita clara, não é mesmo? Porém, para quem está ouvindo, é bem difícil identificar…
O resultado desse experimento mostrou que nossa mente tende a ver/ouvir aquilo que esperamos ver/ouvir. Como assim? Na nossa mente, estamos cantando e acompanhando a música e parece óbvio que ‘é essa’ a música, como o outro não consegue adivinhar? O fato é que para os demais, não é tão óbvio assim. Eles estão apenas ouvindo uma batida de caneta e não conseguem interpretar. É difícil se colocar no lugar do outro e “ouvir a mesma batida da música”. Agora, se por curiosidade, você contar ao seu amigo qual música é, ele será capaz de te acompanhar por que ele conhecerá a música e as batidas.
Com a nossa comunicação e percepção do mundo ao nosso redor as coisas são parecidas. Passamos tempo demais achando que estamos entendendo o que o outro fala e sente, sem nem muitas vezes perguntar ou ouvir com mais atenção, apenas presumindo que já sabemos (como o experimento da universidade mostrou, tendemos a ver/ouvir o que queremos ou nos soa familiar).
Bem, para fugirmos de armadilhas das nossas percepções e comunicação, podemos lembrar do exemplo da batida da caneta e da mensagem que nem sempre o outro entende na nossa música.
Pode ser também que ajude se você tentar:
– começar ouvindo o outro/a outra história. Mas não adianta só ficar quieto enquanto a outra parte fala,
– tem que prestar atenção, mas na visão do outro, se quer entender o ponto de vista dele. Por que muitas vezes, ouvimos com o nosso julgamento, e não com o dele, e por isso não entendemos o que ele quis dizer…
– depois, é sempre muito útil checar se o que você entendeu é o que a outra pessoa quis dizer. Para alguns, pode até parecer meio simples eu dizer isso, mas acredite, o simples fato de ouvir e perguntar depois se “é isso, que você quis dizer?” ajuda muito e pode evitar muito conflito.
As nossas músicas do dia a dia são claras para nós, mas podem não ser para os outros.
Até mais!
Olá! Achei o experimento bem interessante, e com certeza nos faz refletir se as mensagens que enviamos e recebemos diariamente estão sendo interpretadas da forma esperada. Ótimo texto, e obrigado por compartilhar! Até mais 🙂