Voto do Silêncio

Falar o que pensa.
Falar sem pensar.
Não pensar.
Pensar e não falar.
Argumentar.
Se perder nos argumentos.
Não ter argumentos.
Não conseguir se expressar.
Se expressar da maneira correta.
Se expressar da maneira errada.
Não se expressar.
Ensaiar pra falar.
Se comunicar.
Conversar.
Discutir.
Falar, falar, falar.
Se arrepender…

Quem nunca? Quem nunca falou algo e se arrependeu? Ou, em algumas situações, se simplesmente tivesse ficado quieto teria sido pelo menos razoavelmente melhor?

Pois é, as vezes perdemos a cabeça no calor do momento em uma discussão. Falamos sem pensar, sem filtro, com raiva para magoar o outro mesmo. Em outras situações queremos ter razão em uma discussão e não medimos as palavras. Algumas vezes a paciência se vai e falamos a primeira coisa que vem em mente. E ainda, em alguns momentos as nossas intenções são as melhores, falamos por que queremos ajudar e por que pedem um conselho (mas nem sempre estão preparados para ouvir). Os motivos são os mais variados. Mas como saber quando é a hora certa de darmos a nossa valiosa opinião? Será que só devemos dar a nossa opinião quando é pedido?

Ao colocar a nossa voz no mundo, as consequências podem ser imensas, tanto para nós quanto para o outro. Aquele ditado de que “quem bateu esquece, mas quem apanhou será difícil esquecer”, não poderia ser mais verdadeiro. Quantas vezes não fomos feridos com duras palavras? Quantas vezes, a voz da nossa mãe/pai/amiga/irmão/namorado/esposa/chefe, não ficou reverberando na nossa mente por dias? E quantas vezes fomos nós que os ferimos? Será que temos essa percepção?

Sem contar todo o desgaste de ambas as partes, e para quê tudo isso?

Não acho que a solução seja engolir sapos, até por que podemos nos engasgar. Mas, também nos deixar ser guiado pela emoção correndo o risco de magoar, ser magoado e se arrepender pode não ser o mais sábio.

Acredito que saber quando falar requer pelo menos uma mistura de maturidade, autoconhecimento, controle emocional e um quê de estratégia também.

  • Maturidade para compreender o momento, contexto e tomar uma decisão.
  • Autoconhecimento para saber o que nessa história é meu e o que é do outro.
  • Controle emocional para domar o ímpeto quando necessário. E,
  • Estratégia para articular o melhor momento para agir de acordo com o resultado desejado.

A união desses quatro fatores (e de talvez alguns outros), pode não ser lá muito simples. Somos livres para simplesmente optar por falar tudo que pensamos, doa a quem doer – o famoso sincericídio – e se essa for sua opção, ok, vá em frente. Só tenha maturidade para encarar as consequências das suas palavras e ações. Como diria um velho ditado: quem fala o que quer ouve o que não quer.

Agora, se você não quer se arrepender de dizer algo impensado e inoportuno, lembre-se que as vezes o silêncio já é uma resposta, e pode ser a melhor delas.